(...) Eu havia tomado uma meia decisão, ou uma "quase decisão", havia alcançado um estágio em que já não me obrigava a tomar decisões radicais, absolutas, durante grande parte da minha vida isso me incomodara bastante, tomar adecisões sempre fora um problema para mim; mas eu já não era mais assim, não sofria mais dessa angústia, decidia as coisas sempre pela metade, havendo sempre, portanto, a possibilidade de uma mudança de planos, e essa mudança em nada me afetava, era como se tivesse decidido outra coisa desde o início, tudo bem.
Tomar meias decisões exige uma grande maturidade, não é nada fácil, é preciso estar muito centrado, em acordo consigo mesmo, caso contrário a meia decisão vira nenhuma decisão, o que, convenhamos, é lamentável, fracasso absoluto. Tomar meia decisão significa que você tem um rumo traçado e deverá segui-lo, com firmeza e determinação, mas se o acaso interferir, e se o bom senso aconselhar, você pode tranquilamente mudar o rumo, o leme, navegar noutros mares, e isso é tudo que um ser humano pode querer, concorda comigo?
De repente, senti que uma atmosfera estranha me envolvia, me levava para onde eu não pretendia ir e meu pensamento, foi e voltou algumas vezes, como uma onda, em minha cabeça.
Era a outra metade da meia decisão que vinha agora me visitar, e abri a porta para ela, "seja bem vinda, outra metade, pode entrar". A outra metade não fez cerimônia, entrou e me puxou pela mão até aquele beco sem saída de indecisões que eu tanto quis evitar! (...)
"A Confissão" - pág. 210 (Adaptada)
1 comentários:
Perfeito seu blog assim como todas as postagens...
continue assim... está de parabéns...
^^
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Obrigado . e volte sempre ;)